Você sabia que a pressão alta pode ter uma causa hormonal tratável? O hiperaldoesteronismo primário, também chamado de síndrome de Conn, é uma condição que pode estar por trás de muitos casos de hipertensão arterial — especialmente quando ela é difícil de controlar.
Neste artigo, vamos explicar de forma simples o que é essa condição, por que ela acontece, como identificar os sinais e como tratar.
O que é Hiperaldoesteronismo Primário?
É uma doença em que as glândulas adrenais (localizadas acima dos rins) produzem aldosterona em excesso, um hormônio que regula o sal (sódio) e a água no corpo.
Essa produção exagerada leva o organismo a reter mais sódio e água, e a eliminar potássio em excesso. O resultado? Pressão alta e, muitas vezes, níveis baixos de potássio no sangue.
Como funciona a aldosterona no corpo?
A aldosterona é um hormônio essencial para o equilíbrio dos sais minerais. Ela:
- Aumenta a reabsorção de sódio
- Estimula a eliminação de potássio
- Ajuda a controlar a pressão arterial
No hiperaldoesteronismo primário, essa produção acontece sem controle adequado por parte do organismo, e os rins continuam retendo sódio mesmo sem necessidade.
Quais são os sintomas e manifestações clínicas?
Nem todos os pacientes têm sintomas visíveis. Mas os sinais mais comuns são:
- Pressão alta difícil de controlar (mesmo com remédios)
- Fraqueza, cãibras ou formigamentos
- Cansaço excessivo
- Níveis baixos de potássio no sangue (hipocalemia)
- Em alguns casos, sede intensa e vontade de urinar frequentemente
Quem deve ser investigado?
Nem toda pessoa com pressão alta precisa ser testada, mas o rastreio é importante em situações como:
- Pressão alta com hipocalemia (potássio baixo)
- Uso de três ou mais medicamentos para pressão
- Hipertensão com nódulo nas adrenais (incidentaloma)
- História familiar de hipertensão ou AVC precoce
- Pressão alta associada à apneia do sono ou diabetes tipo 2
Como é feito o rastreio?
O principal exame é a razão entre aldosterona e renina (ARR). São dois hormônios medidos no sangue que, quando desregulados, indicam a possibilidade de hiperaldoesteronismo.
Se a aldosterona estiver alta e a renina baixa, o corpo pode estar produzindo aldosterona em excesso — e isso merece investigação mais aprofundada.
E os testes confirmatórios?
Se o rastreio for sugestivo, o endocrinologista pode solicitar testes como:
- Infusão salina: o paciente recebe soro e a aldosterona é medida depois. Se ela continuar alta, é sinal de que há produção autônoma.
- Captopril: um comprimido que deveria reduzir a aldosterona. Se ela não diminuir, o teste é positivo.
- Teste com sal oral ou fludrocortisona (em centros especializados)
- Em alguns casos, testes com furosemida para avaliar a reação da renina
Como é o tratamento?
Tudo depende da causa identificada:
- Se a produção de aldosterona vem de apenas uma glândula adrenal (geralmente por um pequeno tumor benigno), o tratamento é cirúrgico, com remoção da glândula alterada. A cirurgia pode até curar a pressão alta ou facilitar muito o controle.
- Se as duas glândulas estão produzindo em excesso, o tratamento é com medicações que bloqueiam a ação da aldosterona, como:
- Espironolactona
- Eplerenona
E depois do tratamento?
O acompanhamento com endocrinologista é fundamental. O médico irá monitorar:
- Pressão arterial
- Potássio no sangue
- Função dos rins
Com o tratamento certo, muitos pacientes têm melhora significativa da qualidade de vida e redução de complicações cardiovasculares.
Conclusão
O hiperaldoesteronismo primário é uma causa tratável de hipertensão, mas ainda pouco diagnosticada. Se você tem pressão alta de difícil controle, histórico familiar de hipertensão precoce ou níveis baixos de potássio, converse com seu médico. Um simples exame de sangue pode fazer toda a diferença!
